São infinitos os tons de verde que compõem o cenário prístino de uma das regiões mais preservadas do planeta. Da bucólica costa no pacífico sul à cultura gaúcha no meio dos Andes nevados, este território na região de Los Lagos abriga os segredos mais bem guardados da Patagônia chilena. Descubra este Roteiro da Patagônia Verde.

Cenários que parecem pintados à mão. As pinceladas de neve no topo de vulcões e montanhas na cordilheira andina misturam-se com infinitos tons de verde em florestas prístinas, encontram as águas doces em cachoeiras e rios, são pontilhados por pequenos e acolhedores vilarejos e concluem o espetáculo natural no encontro com a costa azul petróleo do pacífico sul. Esse é a Patagônia Verde, considerada uma das jóias mais bem guardadas do Chile.

Fui convidada pela Secretaria de Turismo de Los Lagos, região chilena, para desvendar em três dias essa que é uma das regiões de turismo mais sustentável do país. O roteiro foi mais do que corrido e intenso (foram apenas três dias), mas recomendo esta mesma viagem – com mais calma em, no mínimo, sete dias – para todos que buscam um encontro majestoso com a natureza em sua forma mais saudável.

Como chegar na Patagônia Verde

A porta de entrada para o norte da Patagônia, também conhecida como Patagônia Verde, é a cidade de Puerto Montt, conectada a Santiago por 2h30 de voo operado pela LATAM. O território extende-se  da costa do pacífico à cordilheira dos Andes por famosos parques nacionais, como o Parque Nacional Pumalín Douglas Thompson, Hornopirén, Alerce, Corcovado e pelas províncias de Cochamó, Hualaihué, Chaitén, Futaleufú e Palena.

A viagem pode ser feita em uma roadtrip de carro pela cênica Carretera Austral (estrada que cruza todos os 17 parques nacionais da Patagônia ao longo de 2.800 km) ou pelo modo “bimodal”, variando entre cicloturismo e trechos de barco, além de ser possível fazer de avião ou ônibus. 

Independente do meio de locomoção, o encontro com as intocadas e sempre verde florestas, espécies endêmicas, rios e lagos cristalinos, vulcões e comunidades locais mais do que encantadoras é algo que todos os apaixonados por natureza precisam vivenciar um dia.

Roteiro Patagônia Verde - Chaitén, Pumalín, Futalefú e Palena
Roteiro Patagônia Verde – Chaitén, Pumalín, Futalefú e Palena

Quando visitar a região da Patagônia chilena

A melhor época para visitar a Patagônia é entre os meses de Novembro a Abril. Para fugir dos altos preços, a boa dica é reservar a viagem nos meses de Novembro ou Março. Assim, você garante bom clima, melhores preços e atrativos mais vazios. 

Quem pode ajudar a organizar o roteiro, atrações e fazer toda a parte de receptivo e traslados na região é a Agência Green Patagônia, a qual recomendo de olhos fechados. Veja se o guia Igor pode recebê-los, já que além de um ser humano excepcional que garante bom astral durante toda a viagem, também é especialista na fauna e flora da região.

Se você busca fazer a viagem de maneira independente recomendo o seguinte roteiro, acomodações e passeios na Patagônia Verde:

Roteiro de 7 dias na Patagônia Verde, entre Chaitén, Pumalín, Futalefu e Palena:

Puerto/Montt e Puerto Varas

1ª noite | A porta de entrada para a Patagônia Verde

Puerto Montt é a porta de entrada para a Patagônia Verde. Porém, isso não quer dizer que é o melhor lugar para ficar quando chegar. A boa dica é ir para a cidade vizinha, Puerto Varas, a 30 minutos de distância para garantir uma experiência mais pitoresca e cênica. 

Puerto Varas é também conhecida como “a cidade das Rosas”, com uma inconfundível arquitetura germânica e ruas floridas. Ela é rodeada pelas águas do lago Llamquihue e tem em seu horizonte os vulcões Osorno e Calbuco, que formam o cartão postal da cidade.

Para iniciar o roteiro, a recomendação é dormir uma noite no aconchegante Hotel Puelche, com apenas 21 acomodações. Hospede-se no quarto Premium para acordar com a privilegiada vista ao lago e vulcões. A propriedade também é reconhecida por servir o melhor hambúrguer artesanal da cidade. Vale a pedida, junto à uma cerveja local. 

Onde ficar em Puerto Varas:

Chaitén e Chana

2ª noite | O encontro da cultura do pacífico sul com as florestas verdes da Patagônia Verde

É possível chegar à costa da Patagônia Verde de diversas maneiras. A mais recomendada é por transporte fluvial (6h de viagem) ou pela Carretera Austral, a rota mais cênica. Para a última opção, é preciso agregar mais dias ao roteiro e integrar também paradas nos parques nacionais Alerce e Hornopirén, além de visitas e pernoites nas províncias de Cochamó e Hualaihué. 

Para quem tiver pouco tempo, pode fazer como eu e embarcar no Aerodromo de Paloma, em um pequeno avião, para chegar em 30 minutos à Chaitén. 

Chaitén é uma cidade que ficou conhecida mundialmente após a erupção do vulcão que leva o mesmo nome, em maio de 2009. O impacto foi devastador. Foi necessário evacuar todos os habitantes da cidade por mais de dois anos durante a reconstrução do vilarejo, mas atualmente a cidade está em plena normalidade. Inclui, inclusive, a visita ao Museu Chaitén, com a história e casas remanescentes do desastre. A cidade pode ser base para quem vai conhecer o Parque Nacional Pumalín Douglas Tompkins e não quer acampar. 

Para almoçar sabores locais, dirija 20 minutos até o minúsculo vilarejo litorâneo de Chana. Reserve com antecedência pelo Instagram Artesania_Dewekafe (ou com a agência  Green Patagônia)um típico almoço com um prato típico da região, um ensopado de mariscos e porto, na casa da simpática Roxane. Ela também faz cestarias locais. 

Onde ficar em Chaitén

Roteiro Patagônia Verde - Chaitén, Pumalín, Futaleufú e Palena
Roteiro Patagônia Verde – Chaitén, Pumalín, Futaleufú e Palena

Parque Nacional Pumalin Douglas Tompkins 

2ª, 3ª e 4ª noite | Turismo contemplativo em um dos parques mais lindos da Patagônia

Se você topar acampar, passe rapidamente por Chaitén e descubra as belezas naturais de um dos parques mais lindos da Patagônia, o Parque Nacional Pumalín Douglas Tompkins.

As florestas de Pumalín descem da cordilheira aos fiordes originando uma das costas mais lindas do planeta. O impressionante é que 25% das árvores milenares Alerces do Chile ficam na região deste parque de 402 mil hectares. 

A história da fundação da área de proteção é de encher o coração de esperança na humanidade. Em 1991, o norte-americano Douglas Thompkins, um visionário, ecologista e ativista ambiental, começa a comprar terrenos na região de Pumalín com o objetivo de proteger a região da exploração de madeira, principal atividade econômica da época. 

Em algumas décadas, com a conscientização e educação ambiental fornecida pela instituição privada, membros da comunidade local que trabalhavam como traficantes de madeira foram transformando-se em guardas florestais. A proteção ambiental deste prístino local começa a atrair o turismo e traz outras fontes de renda para a comunidade.

Atualmente, Pumalín pertence ao governo do Chile (Douglas doou as terras para o governo e faleceu em 2015). São 12 trilhas de diversos níveis de dificuldade que passam por geleiras, podem alcançar o vulcão Michimauida, além de explorar os inúmeros tons de verde de espécies endêmicas que remontam à época dos Dinossauros. 

A entrada do parque é gratuita. Quem decidir acampar nos diversos pontos do parque conta com infraestrutura de cozinha e banheiro. Porém, precisa pagar pela noite aos guardas-florestais. 

Onde ficar:

Futaleufú

5ª e 6ª noite | Aventura e Adrenalina em um dos destinos World Class de Rafting

A 3h de viagem de Chaitén, na Patagônia Verde, Futaleufú é a meca mundial dos praticantes de rafting e kayak.  O significado do próprio nome da cidade já diz: o “Rio Grande” é cristalino e desafiador – classificado dentro dos três melhores do mundo, segundo os especialistas, para a prática destes esportes de aventura.  

O charmoso e aconchegante vilarejo também guarda mirantes encantadores, cavalgadas, caminhadas, mountain bike, pesca, montanhismo e observação de flora e fauna na Reserva Nacional Futaulefú.

É um destino imperdível para os amantes da prática de esportes ao ar livre e de aventura na Patagônia.

Já para quem busca agradar ao paladar, surpreendentemente a pequena cidade de 2 mil habitantes abriga uma jóia da alta gastronomia chilena – o restaurante Martin Pescador. Com conceito ‘Farm To Table’ o restaurante reúne sabores orgânicos, locais e da estação servidos em um menu degustação de sete pratos harmonizados com vinhos regionais. O ambiente é acolhedor, com apenas três mesas. Por isso, reserve com antecedência.  

Onde ficar em Futaleufú

Para se hospedar, o hotel Antigua Casona é uma excelente recomendação – com quartos alpinos e gastronomia italiana, para aquele aconchego da Patagônia em dias frios.

Roteiro Patagônia Verde - Chaitén, Pumalín, Futaleufú e Palena
Roteiro Patagônia Verde – Chaitén, Pumalín, Futaleufú e Palena
Roteiro Patagônia Verde – Dias entre inúmeros tons de verde, águas cristalinas e montanhas nevadas

Palena

7ª e 8ª noite | Turismo regional e de base comunitária na Cordilheira dos Andes

Vamos partir do princípio que, a essa altura, entre eu e você, dizer que os cenários da Patagônia são espetaculares já se tornou senso comum. Digo isso porque a pequena província de Palena, com apenas 1.800 habitantes, vai muito além dos cenários cênicos da cordilheira dos Andes.

A sensação de acolhimento da comunidade em Palena é algo que poucas vezes senti. A vontade de compartilhar as belezas naturais da região onde nasceram e cresceram é tão grande que você já se sente em família em poucas horas. É só chegar ao pequeno centro de turismo da cidade, pedir informações, e você já vai de encontro com a comunidade local que vai te acompanhar – ou recomendar – passeios totalmente fora do eixo turístico – e ainda mais conservados e prístinos. 

O passeio que os membros da comunidade mais recomendam, por exemplo, é a aventura até o Lago Palena. São necessários um dia e uma noite de cavalgada para acessar o cênico e intocado lago. Nem mesmo os moradores locais conhecem o lago, então imagine só que aventura?

Para os mais conservadores, não deixe de conhecer alguns pontos turísticos famosos como o trekking para a Cascada Tronador, o encontro das montanhas com o rio Tigre no Camping Valle Califónia, a visita à querida senhora Alicia na fronteira entre Chile e Argentina (a 30 min de Palena) para um delicioso brunch com ingredientes locais, ou experimente o famoso Asado Patagônico (um cordeiro assado na ladeira, com direito a vinho quente e muita festa para acompanhar). 

Onde ficar em Palena, Chile:

Para se hospedar, o hotel Torres Castaño é simples (como toda a cidade), mas oferece a infraestrutura necessária para dormir e tomar banho com conforto. 

Roteiro Patagônia Verde – Chaitén, Pumalín, Futaleufú e Palena

Todos os transfers podem ser contratados com a Green Patagônia.

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Virginia Falanghe

Jornalista de viagens e especialista em marketing digital de turismo, Virginia transformou sua paixão por viagens e aventuras em profissão. Já conheceu os cinco continentes com algumas paradas longas na Austrália, EUA, Portugal, Canadá, além de três meses a bordo de um catamarã pelas ilhas do Caribe. Além de escrever sobre destinos de natureza aqui no Viva o Mundo, é colunista de viagens na JovemPan, editora-chefe do site Dicas de Viagem e head da agência digital Pura. 

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