O trekking ao acampamento base do Monte Everest é um dos mais cênicos do planeta e, por isso, um dos mais cobiçados entre os apaixonados por natureza. Completei os 13 dias de caminhada em Abril de 2023 e compartilho todos os detalhes para você se preparar da melhor forma para essa jornada.

“Pra que passar frio?”

“Por que andar 13 dias?”

“Pra que ir para um lugar onde há risco de sofrer de mal de altitude?”

“Afinal, o que você vai fazer no acampamento base do Monte Everest?”

Guia Completo para o Trekking ao Acampamento Base do Everest: Dicas, Roteiros e Experiências Inesquecíveis
O trekking ao acampamento base do Monte Everest vai muito além de contemplar algumas das paisagens mais fantásticas do planeta Terra, ele dá a chance de se conectar com a força que há dentro de si.

Vale a pena fazer o trekking ao EBC?

Ouvi inúmeras vezes essas perguntas nos últimos anos quando contava sobre essa aventura. Curioso é que não tinha uma resposta pronta até agora que cheguei a 5.364m no pé da montanha mais alta do planeta.

Cruzar o coração do planeta entre o vale das montanhas nevadas que mais alto tocam o céu, caminhar entre vilarejos de pedra pitorescos e bem preservados, atravessar pontes suspensas em cima do rio de leite, ir de encontro com a cultura Sherpa, vivenciar uma cerimônia no monastério budista mais alto do mundo e chegar nas geleiras, rochedos, pedras do alto Khumbu que levam a base da montanha mais alta da Terra é um privilégio para poucos.

É uma caminhada para quem se dispõe a sair da zona de conforto. É uma jornada para sair do trivial e do comum, uma oportunidade para voltar a sentir e vibrar. O trekking ao acampamento base do Monte Everest vai muito além de contemplar algumas das paisagens mais fantásticas do planeta Terra, ele dá a chance de se conectar com a força que há dentro de si. 

Os 130 km de trajeto trazem à tona emoções e sensações ambivalentes, do Yin e Yang: do encantamento ao perrengue, da dor à superação, do frio ao acolhimento de um chá quentinho. Só no desconforto que valorizamos o conforto mais básico. É quando atravessamos os maiores desafios que temos a chance de atingir as maiores evoluções.

A verdade é que são experiências como essa que nos engrandecem e ficam para sempre na memória.

Pontes suspensas que levam ao base camp do monte Everest. descubra tudo sobre o trekking
As lindas pontes suspensas ao longo do trekking ao acampamento base do Everest.

Tudo o que você precisa saber para chegar ao base camp do Everest

Se você está planejando fazer o trekking do acampamento base do Monte Everest é preciso se preparar com antecedência.

Por isso, listei abaixo todas as dúvidas que tive e recebi dos seguidores que acompanharam no Instagram para que você se prepare da melhor forma possível para viver uma das experiências mais transformadoras da sua vida.

Sumário:

Qual é a melhor época para fazer o trekking ao acampamento base do Monte Everest?

A temporada ideal para fazer o trekking no Everest é partir da segunda quinzena de março até maio ou a partir da segunda quinzena de setembro até novembro. A vantagem de ir no mês de abril e maio é que esse é o mesmo período das expedições ao cume. Por isso, você vai ver o acampamento base montado e em pleno funcionamento quando chegar lá.

Se você fizer o roteiro com a Grade 6, como eu fiz, terá a chance de pernoitar no acampamento base. A agência é referência no destino e a única operadora brasileira a levar expedicionários até o cume. Portanto, também é a única com a permissão de ter um acampamento montado por lá.

Melhor época para fazer acampamento base do Everest
A vantagem de ir no mês de abril e maio ao acampamento base do monte Everest é que esse é o mesmo período das expedições ao cume.

Como chegar ao campo base do Everest

A jornada saindo do Brasil é longa. O trajeto mais comum e rápido para Katmandu são os voos saindo de São Paulo com escala em Qatar ou Dubai das companhias aéreas Qatar e Emirates. A média de preços desses bilhetes fica em torno dos USD 1.500-2.000*.

Para começar o trekking, é preciso pegar um voo ou helicóptero saindo de Katmandu a Lukla (já está incluso no pacote da Grade 6). O voo é feito em um bimotor e tem duração de 50 minutos saindo da capital nepalesa.

Nas últimas temporadas, as companhias aéreas começaram a voar para Lukla saindo do aeroporto de Ramechhap. Neste caso, os voos saem ao nascer do sol e duram apenas 15 minutos. Porém, definitivamente é a opção mais desconfortável. É preciso acordar a 1 da manhã, embarcar em 4 horas de viagem de ônibus para chegar ao aeroporto através de uma estrada muito sinuosa. Leve remédios para enjoo e tente ao máximo dormir no caminho.

Tente chegar em Katmandu alguns dias antes do início do trekking para se acostumar ao fuso horário e descansar. Se você fizer toda essa jornada direto, será mais puxado começar a trilha.

Trekking Everest - Como é pousar em Lukla?
Trekking Everest – Como é pousar em Lukla? Tente chegar em Katmandu alguns dias antes do início do trekking para se acostumar ao fuso horário e descansar. Se você fizer toda essa jornada direto, será mais puxado começar a trilha.

Como é pousar no aeroporto mais perigoso do mundo

O aeroporto de Lukla é considerado – pela mídia – o mais perigoso do mundo, já que tem uma das menores pistas de pouso do planeta (cerca de 530m). Essa curta distância fica entre um abismo e a parede de uma montanha no meio da cordilheira dos himalaias. A pista é inclinada para ajudar o avião a brecar ou pegar impulso para decolar. É um voo cheio de emoção, mas uma experiência para a vida!

Vale considerar que são cerca de 10 voos por dia na temporada e o índice de acidentes é baixo. Ou seja, apesar do ‘sensacionalismo’ de dizer que é o aeroporto mais perigoso do mundo, estamos falando de aviões – o meio de transportes mais seguro depois dos elevadores.

Voos para lá só acontecem com o clima aberto. Caso esteja fechado, é preciso ir de helicóptero ou esperar uma janela de bom tempo para voar.

Como é pousar em lukla para iniciar o Trekking ao Everest?
O aeroporto de Lukla é considerado – pela mídia – o mais perigoso do mundo, já que tem uma das menores pistas de pouso do planeta (cerca de 530m).

Como comprar passagem aérea barata para o Nepal

Se você tiver tempo e flexibilidade recomendo ‘quebrar o roteiro’. Encontrei um voo para Nova Deli, na Índia, pela Air France com escala de um dia em Paris (o trecho custou R$ 2.000).

Passei uma semana na Índia e depois fui a Katmandu pela bagatela de RS 500 ida e volta (Air India). Voltei de Katmandu para Nova Deli e segui viagem.

Completei uma volta ao mundo passando por Índia, Singapura, Hong Kong, Japão e Estados Unidos. Todos os trechos, somados e comprados separados em dias flexíveis através do Google Flights, ficaram mais baratos do que uma passagem ida/volta São Paulo>Katmandu.

Guias e agências especializadas em trekking no Everest

Desde 1º de Abril de 2023, o governo nepalês instituiu a obrigatoriedade de guias para realizar trekkings no país. Até então, era possível realizar as trilhas do Nepal de maneira independente. Por isso, atualmente é obrigatório contratar agências brasileiras ou operadoras nepalesas para embarcar nos inúmeros trekkings do Himalaia nepalês.

Muitos viajantes que buscam economizar contratam operadoras locais para fazer os passeios. Porém, é importante frisar que o barato pode sair caro.

Se você não for um montanhista experiente, o trekking para o acampamento base do Everest é um desafio que exige muito, são muitos dias de caminhada e eventualmente você vai sentir os efeitos da altitude.

É uma aventura que demanda muito suporte desde o Brasil para ir o mais preparado possível. Seja em listagem de equipamentos, preparo físico, planejamento logístico. Além do suporte ao longo da viagem.

É preciso ter uma assistência segura ao longo da caminhada por conta dos eventuais efeitos de altitude. Somado a isso, a facilidade de se comunicar faz toda a diferença. Os locais dificilmente falam bem inglês.

Por que a Grade 6 é a melhor agência brasileira para o trekking EBC

Escolhi a Grade 6 por ser a única agência brasileira a operar para o cume do Everest. Ou seja, são os mais especializados na região. O dono da agência, Carlos Santalena, já subiu 3 vezes ao cume e é uma pessoa excepcional.

Nós escolhemos a fantástica e incrível Aretha Duarte, primeira mulher negra latino-americana a subir ao cume do Everest, para ser nossa guia.

Nosso grupo foi majoritariamente feminino e chegamos 100% no campo base (um feito e tanto, dado que normalmente 10% das pessoas que fazem o trekking para o Everest precisam descer antes da chegada em algum momento).

Tenho certeza que esse sucesso foi graças ao profissionalismo da Aretha e do suporte da Grade 6, que abraçaram o sonho de cada um que estava la e deram todo o suporte médico e mental para que todos chegassem bem ao objetivo final.

Qual a melhor agência para fazer o trekking ao campo base do Everest?
Escolhi a Grade 6 por ser a única agência brasileira a operar para o cume do Everest. Ou seja, são os mais especializados na região e os únicos que oferecem uma noite no acampamento base para os trekkers.

Como dormir no acampamento base do Monte Everest?

Além do preparo e credibilidade que a Grade 6 tem no mercado, é a única agência brasileira com permissão para pernoitar no acampamento base do Everest!

A maior parte dos trekkers faz um bate-volta até a famosa pedra de entrada, no máximo conhecem um pouco do início do acampamento e voltam para Gorakshep no mesmo dia (é muito cansativo!). Com a Grade 6, pudemos passar uma noite e um dia no acampamento base.

Vivemos um dia como os expedicionários, conversamos com sherpas que preparam a trilha, pisamos na famosa geleira de Khumbu e conhecemos de perto a ‘cidade’ que é o maior acampamento do planeta.

Recomendo a Grade 6 de olhos fechados!

Como dormir uma noite no acampamento base do Everest?
Vivemos um dia como os expedicionários, conversamos com sherpas que preparam a trilha, pisamos na famosa geleira de Khumbu e conhecemos de perto a ‘cidade’ que é o maior acampamento do planeta.

Nível de dificuldade e dicas para se preparar para o trekking no Everest

Considero o trekking Everest de dificuldade moderada/avançada. Não há dificuldades técnicas em termos de escalada ou rochedos. Você só precisa levar uma mochila de ataque leve ao longo da trilha e as noites são em lodges. Porém, a combinação de muitos dias de caminhada, altitude e frio é desafiadora.

São 13 dias de caminhada. Todos os dias são cerca de 6 a 9 horas de atividade em média e não há dia de descanso. O trajeto tem 130km no total. Porém, é importante frisar que a referência de quilometragem e distância na altitude não é usada.

Explico o porque: uma coisa é andar 10 km por dia no nível do mar, outra é acima dos 3.000m. O ritmo fica cada vez mais lento, a respiração mais difícil. Para você ter uma ideia, acima dos 5.000m nós levamos, em média, 3-4 horas de caminhada para andar 3km!

Além disso, não há muito tempo para descanso no trajeto já que se parar, o frio pega. Ou seja, na altitude o nível de dificuldade se mede por tempo de caminhada + altimetria alcançada.

O trekking ao acampamento base do Everest é um roteiro indicado para a primeira experiência em altitude já que a aclimatação é feita de maneira gradual.

São 13 dias de caminhada. Destes, 9 dias são para chegar ao acampamento base. Ou seja, a subida é lenta para dar tempo do corpo se adaptar ao ganho de altitude.

Como se preparar para o trekking ao campo base do Everest?
A combinação de muitos dias de caminhada, altitude e frio no trekking ao campo base do Everest é desafiadora.

Altitude e aclimatação durante o trekking no Everest

Sentir os efeitos de altitude ao longo do trajeto é normal, já que o corpo vai precisar se adaptar aos novos níveis de oxigênio. Enfrentar dores de cabeça, enjoos, falta de apetite é comum, mas com a aclimatação certa, os sintomas devem passar.

No meu caso, senti os efeitos da altitude em Namche Bazaar (3.400m) e depois na volta do Nagarjong Peak (5.000m). Porém, foram algumas horas de desconforto e logo passou. Algumas pessoas do grupo tiveram sintomas mais severos e precisaram tomar Diamox, medicados com acompanhamento dos profissionais locais, mas todas concluíram o objetivo final.

O segredo para conseguir minimizar os sintomas é hidratar muito (no mínimo 5L por dia) e dormir bem. Comecei a hidratar neste nível uma semana antes da trilha para adaptar o meu corpo. A dica é já acordar e beber 1L de água. Depois beba chá no café-da-manhã e durante a manhã termine pelo menos 2L.

Mulheres: tentem evitar a menstruação no período da trilha. Tudo na altitude tende a ser mais intenso. Por isso, o fluxo e cólicas também podem aumentar.

Como se preparar para o mal da altitude no trekking ao campo base do Everest?
Como se preparar para o mal da altitude no trekking ao campo base do Everest? Enfrentar dores de cabeça, enjoos, falta de apetite é comum, mas com a aclimatação certa, os sintomas devem passar.

Como se preparar fisicamente

Estar bem fisicamente é fundamental para desfrutar do trekking. Quanto mais bem preparado o seu corpo tiver, mais você aproveita ao longo do caminho e não se preocupa com dores ou desconfortos. Por isso, faça bastante exercícios cardiovasculares e de força por pelo menos 6 meses antes da viagem.

Além disso, o preparo mental também é importante. Pratique yoga (principalmente exercícios de respiração – pranayamas – que aumentam a capacidade pulmonar) e meditação. Eu pratico yoga 3x por semana, treinos funcionais 2-3x por semana, faço trilhas regularmente e não senti um dia de dor muscular. Também recomendo alguma experiência prévia com trekking. É importante já ir acostumado com a mochila e com longas distâncias e tempo de caminhada.

Além disso, não esqueça de usar bastante a sua bota e mochila em outras experiências e trilhas prévias. Nunca faça uma caminhada de muitos dias em altitude ou no nível do mar, ou qualquer trekking com uma bota nova, sem ser usada. Ela precisa pegar a forma do seu pé para o maior conforto. Além disso, comprei uma bota 2 números maiores da Columbia Sportwear e foi perfeita para a trilha (link com 10% OFF para você).

Quanto mais bem preparado o seu corpo tiver, mais você vai aproveitar ao longo do caminho e não vai se preocupar com dores ou desconfortos.
Quanto mais bem preparado o seu corpo tiver, mais você aproveita ao longo do caminho e não se preocupa com dores ou desconfortos ao longo do trekking Everest.

Como se preparar para evitar o frio

Se os dias estiverem abertos, espere temperaturas amenas durante o dia na trilha (houve um dia que usei shorts e top), mas a noite o cenário é outro. A temperatura pode variar de 10Cº durante o dia até -15ºC a noite.

Acima dos 4.000m o frio aperta, o vento fica mais forte e gelado. Pelo menos 5 dias do roteiro são de bastante exposição ao frio. Por isso, é preciso fazer um ótimo planejamento de vestuário e equipamento para o caminho.

Roteiro do Trekking EBC

O roteiro da Grade 6 contempla 18 dias de viagem contando do dia da saída a volta do Brasil. Eu recomendo que você disponibilize pelo menos 20-22 dias para o roteiro.

Desta maneira, você tem tempo de descansar da longa jornada de ida e se acostumar com o fuso horário antes de iniciar o trekking, além garantir uma ‘folga’ para a volta caso haja algum imprevisto com o mal tempo em Lukla, você não perde o seu voo internacional.

Dia 1 – Chegada em Katmandu

Buzinas, tuk-tuks, fios de energia, lojas de rua, movimento a mil e poluição atmosférica. A capital do Nepal também é carinhosamente apelidada de ‘caosmandu’, mas entre sua frenesi guarda ótimos restaurantes, um povo extremamente acolhedor e uma explosão de cultura e autenticidade.

O bairro mais comum para a hospedagem de estrangeiros que visitam a cidade é Thamel. Lá ficam inúmeras lojas de montanhismo que vão desde The North Face, Columbia Sportswear, Mountain Hardware e Sherpa até as que vendem todos esses produtos por metade do preço, ou seja, não são originais.

A boa notícia é que mesmo os preços das marcas globais são quase o mesmo dos Estados Unidos. Ou seja, vale a pena deixar para comprar um item ou outro que falte em Katmandu ao invés do Brasil (só não recomendo a bota e mochila).

No roteiro da Grade 6, esse é o dia de boas-vindas. A tarde é livre para explorar e no fim do dia temos uma reunião de briefing e um jantar para conhecer nossos parceiros de expedição, guias e equipe.

O hotel geralmente é um 4 ou 5 estrelas, ficamos as primeiras duas noites no clássico Yak & Yeti. Nada como um conforto antes de iniciar 14 dias de aventura.

Chegada em Kathmandu antes do trekking ao EBC
O Nepal é dividido em duas religiões: o hinduísmo e o budismo. Mas grande parte da população segue as duas tradições. As crenças se misturam entre os nepaleses e a espiritualidade é muito presente na vida das pessoas, com um templo a cada esquina, festividades e uma rotina ritualística.

Dia 2 – Passeio em Katmandu

No segundo dia de roteiro, explorar a cultura e tradição da capital do Nepal é a boa pedida.

90% dos Nepalis são hindus ou budistas, mas para muitos as crenças se misturam. A religião rege a vida cotidiana da população, suas crenças e rotina. Por isso, visitar os maiores templos do país é ir de encontro com as mecas espirituais da região.

O Nepal é dividido em duas religiões: o hinduísmo e o budismo. Mas grande parte da população segue as duas tradições. As crenças se misturam entre os nepaleses e a espiritualidade é muito presente na vida das pessoas, com um templo a cada esquina, festividades e uma rotina ritualística.

Tanto no budismo quanto no hinduísmo, há a lei do carma, a crença de que cada pessoa receberá o resultado das suas ações. Isso se reflete na cultura nepalesa fazendo com que o país seja considerado bastante seguro. É possível passear sem maiores preocupações.

Templo Pashupatinath

Visitar os maiores templos do país, que ficam em Katmandu, é encontrar a espiritualidade em toda a sua potência num país onde ela é levada muito a sério. Então muito mais do que monumentos, são locais adorados e fundamentais para os praticantes de ambas as religiões, não só para os nepaleses. Por exemplo, o templo Pashupatinath, é um dos maiores templos hindus do mundo, dedicado à Shiva e Patrimônio Mundial da UNESCO. O local é uma espécia de Meca para os hindus, que desejam conhecê-lo em vida. 

Para a visita guiada, um guia nepalês nos acompanhou. A dica é evitar ir aos  sábados e segundas, os dias mais lotados. É uma experiência que ativa todos os seus sentidos. Ativa o tato, os sinos para concentração, as imagens de divindades, o cheiro dos incensos e etc. Lá também acompanhamos as cerimônias de cremação na beira do rio Bagmati. 

Roteiro Trekking Everest Base Camp
Um dos maiores templos hindus do mundo, dedicado à Shiva e Patrimônio Mundial da UNESCO. O local é uma espécia de Meca para os hindus, que desejam conhecê-lo em vida. 
Acompanhamos as cerimônias de cremação na beira do rio Bagmati. 

Buddha Stupa

Depois, fomos até o Buddha Stupa, um dos maiores templos budistas do Nepal. Ele é conhecido como “Little Tibet” por conta das muitas lojinhas tipicamente tibetanas ao seu redor, as quais vendem as famosas bandeirinhas budistas, bolsas, quadros, sinos, entre outros. Fomos para conhecer um pouco mais dessa tradição e voltamos com o aprendizado de que é através da compaixão e do amor que se atinge a iluminação. Ou, como diriam os budistas, “Se você quer viver uma vida feliz, se cerque de pessoas boas”. Uma experiência para acender o coração.

Buddha Stupa, um dos maiores templos budistas do Nepal.
Buddha Stupa, um dos maiores templos budistas do Nepal.

Dia 3 – Kathmandu > Lukla > Vilarejo de Monjo

O primeiro dia de grande adrenalina da viagem. O dia começa a 1 da manhã, isso mesmo! Atualmente, os voos que vão para Lukla saem do aeroporto de Ramechnap, que fica a 4 horas de Latmandu por uma estrada super sinuosa e enjoativa (tome seu remédio de enjoo).

A noite é mal dormida. Você chega no aeroporto e já embarca no aviãozinho que vai pousar no aeroporto mais perigoso do mundo, já que a pista tem pouco mais de 500m e é inclinada para que os aviões tenham propulsão para pousar e decolar.

Você chega em Lukla, toma um bom café da manhã e já começa a caminhada direto no aeroporto.

Nesse primeiro dia, andamos 17 km em um cenário cinematográfico até o vilarejo de Monjo. A caminhada é majoritariamente plana e sem ganho de altitude, a 2800m.

Vilarejos lindos, cerejeiras floridas, monastérios budistas, o contato com a comunidade local, o encontro com o rio de leite, as pontes suspensas, as florestas verdes e picos nevados fazem dessa uma das caminhadas mais lindas do planeta.

A parada para o almoço em Phaking oferece chás, sopas, massas, pizzas e comida nepalesa.

Os banheiros estão por todo o percurso e são bem estruturados.

A chegada no lodge foi as 17h30, com direito a banho quente grátis, carregamento de equipamentos eletrotônicos grátis (enfatizo o grátis porque em algumas paradas esse tipo de serviço é pago) e jantar.

Dia 4 – Vilarejo de Monjo a Namche Bazar

Dia de uma caminhada mais curta, mas com mais ganho de altitude. Ou seja, subida ao longo de todo o trajeto de cerca de 7km.

Hoje é o dia que passamos o portal e oficialmente entramos no Parque Nacional Sargamatha, patrimônio da humanidade pela UNESCO.

A caminhada já é feita em mata mais fechada, sem tanto acesso e infraestrutura de vilarejos pelo caminho. O ganho de elevação é de 600m. Ou seja, chegamos em 3.400 na capital sherpa de Namche Bazar após 4 horas de caminhada.

Chegamos para o almoço com opções de hambúrgueres, pizza, massas, pratos saudáveis e nepaleses.

Namche bazar é a última cidade estruturada antes da ascensão ao Campo Base do Everest – e é puro astral. Tem lojinhas, bares, pubs, massagem, farmácias e bons cafés.

A tarde é livre para a aclimatação. O jantar no próprio hotel.

Dia 5 – Ascensão para o Everest View – 4.000m

Segunda noite dormindo em Namche Bazar. Partimos para um percurso de aclimatação, alcançando os 3.800 metros. A descida é no mesmo dia.

Essa é a primeira visão que temos do Vale do Khumbu (e de tudo o percurso a ser feito), além da ponta do Everest sem vegetação na frente. 

A trilha é uma subida de cerca de duas horas. Porém, as sao deslumbrantes e a caminhada passa rápido. Aqui ainda há um pouco de floresta que, ao logo da trilha, vai dando lugar para uma vegetação mais baixa, típica de montanhas de alta altitude.

A vista dos helicópteros no vale te fazem entender um pouco da magnitude do vale e da altura do local.

Na chegada, um hotel boutique com 16 quartos te recebe com cházinho, batata frita e uma vista maravilhosa para se recuperar para a volta.

No fim do quinto dia, jantar no lodge e cama para descansar para a manhã seguinte.

Parada: Projeto Sagarmatha Next – Impacto ambiental e medidas de preservação no Everest

Parada indispensável para quem está fazendo o percurso do quinto dia, o projeto é patrocinado pela empresa Dell, junto a iniciativas estrangeiras e locais, para controlar os resíduos no Everest.

Você é recebido com um filme sobre a história do trekking no Everest e o impacto do turismo local, tanto positivo, quanto negativo. No primeiro caso, desenvolvendo a região e dando melhores condições de vida para o povo sherpa, que antes só tinha a agricultura familiar como opção, e hoje possui lojas, agências, guias locais e empresários.

No entanto, todo esse movimento também trouxe muito mais lixo para a comunidade. E é aí que o Sagarmatha Next entra.

A solução encontrada é que cada trekker volte com, ao menos, 1kg de resíduos até Lukla, a fim de dar o destino correto e manter a trilha limpa. O projeto faz o tratamento dos resíduos e já os coloca em sacolinhas para que os trekkers possam anexar às bagagens. 

No local do projeto, também é possível usar óculos de realidade virtual para “subir” até o cume do Everest, além de ver a região de Namche Bazar antes e depois do turismo. Uma sensação incrível e um baita exemplo de turismo sustentável para outros parques nacionais.

Dia 6 – caminhada para Tengboche 3.900

No sexto dia de viagem, a caminhada é até o vilarejo de Tengboche, onde fica o monastério mais alto do mundo, de mesmo nome. O monumento já foi destruído por um terremoto e um incêndio, mas foi reconstruído e é uma atração que vale a pena conhecer.

São, mais ou menos, 6 horas andando. No percurso, contornamos o vale do Khumbu e passamos por várias estupas budistas, o que deixava o caminho lindo e pitoresco. A parada é para o almoço, chá e apreciar a vista com calma.

Apesar do cenário, essa é uma das subidas mais desafiadoras do caminho. Primeiro é preciso descer de 3.400 metros (em Namche) para cerca de 3.000 metros e então subir de novo para 3.900. Mas é aqui que você percebe a importância da aclimatação. O que seria uma subida difícil se fosse feita de primeira, se tornou fácil para nós que fomos subindo aos poucos. O grupo “voou” nesse trecho, deixando nosso guia surpreso.

O monastério mais alto do planeta

Finalmente chegamos em Tengboche, que é também um dos vilarejos habitados mais altos do planeta. Lá vivem cerca de 50 monges budistas junto a outras poucas famílias. Turistas e sherpas podem participar das cerimônias do Monastério de Tengboche.

Uma prática comum é comprar mandalas em Kathmandu ou nas vilas mais baixas e levar até Tengboche, para serem abençoadas. Participamos de um cântico e sentimos a energia forte e especial do local.

A noite termina no nosso primeiro lodge sem conforto, uma prévia do que nos esperava nos próximos dias. Já não tínhamos mais banheiro dentro do quarto e o frio começa a apertar durante a noite, mas nada que um bom saco de dormir não segure. 

Dia 7 – caminhada para Dingboche 4.400

Começamos o dia cedo para o percurso de 11km até Dingboche, o vilarejo mais alto do Khumbu com moradores permanentes. Aqui o caminho é majoritariamente plano e a paisagem já vai mudando completamente. Se antes, caminhávamos cercados por floresta e rio, agora a vegetação vai ficando cada vez mais rasteira.

Ao todo, são mais ou menos seis hora e meia de trilha. Não há parada para almoço no meio do caminho, apenas para um chá. Almoçamos já em Dingboche. A sensação de estar a 4.400 metros é a de aterrissar em Marte com uma paisagem de pedras para todos os lados e pouco verde.

Neste vilarejo, passamos duas noites para aclimatar e descansar. Neste ponto, já comecei a sentir mais forte os efeitos da altitude. O frio também não é brincadeira. O banheiro já não é dos melhores e banho quente aqui, só pagando 10 dólares. Mas tudo isso é aliviado com cházinho quente, cinema e bons momentos com o grupo no lodge.

Dia 8 – Aclimatação em 5.050m no Nagarjun Peak

O dia mais desafiador de todo o trekking Everest para mim, onde chegamos aos 5.050 metros. E também a chave do sucesso da caminhada. Se você aclimata aqui, é um indicador importante para a chegada ao campo base. Seu corpo já entende o que significa estar a mais de 5.000 metros de altitude.

Esse é um dia apenas de aclimatação, quando vamos até Nagarjun Peak. São 3 km de subida que parecem se multiplicar por conta da altitude. A subida dura cerca de 4 horas e a sensação é de que o fim não chega nunca. Aqui entendemos de onde vem a expressão dos amantes da montanha, o “passinho de sherpa”. É preciso seguir em ritmo devagar e constante.

Desafios da aclimatação

É um dos momentos onde a força mental é mais necessária. Muitas pessoas do grupo vão voltando no meio do caminho e isso também influencia na sua persistência. Mas eu fui e tive a incrível sensação de alcançar um cume com uma vista surreal.

Porém, se a ida foi difícil, a volta foi mais ainda. A chegada no cume é só metade do caminho. A exaustão bateu com duas horas de descida e eu fui me sentindo fraca. Como o frio é intenso, não tem parada para descanso. Importante aqui é ter sempre comida a mão para não passar mal e também saber respeitar os seus limites. Se não der pra subir, não force. Ainda há tempo para aclimatar ao longo do percurso. 

Na volta, senti mais forte o “mal da altitude”, mas me recuperei com chá e descanso. Passamos mais uma noite no lodge em Dingboche, antes de partir para a próxima parada. 

Dia 9 – Caminhada para Lobuche 4.900

No nono dia, saímos do baixo Khumbu e vamos para o alto Khumbu, ou seja, alcançamos a geleira de Khumbu. A paisagem que já era rasteira se torna agora pedra e gelo. Saímos dos 4.400 metros de Dimboche para os 4.900 de Lobuche.

O lodge aqui é bom, mas a partir deste momento, você esquece que existe banho. O frio é intenso, com direito a possibilidade de ver a neve cair. 

A caminhada para Lobuche é plana por bastante tempo, mas há subida, feita em ritmo lento. O tempo de atividade nesse dia tem duração de mais ou menos sete horas. No caminho, o icônico Memorial dos Mortos do Everest, com os nomes das vítimas de várias montanhas da região. 

Passamos a noite em Lobuche para seguir a jornada. 

Dia 10 – Caminhada para Gorakshep 5.100m + Kala Pathar 5.600m

O dia começa com uma caminhada de cerca de 3 horas para Gorakshep. Não é longa, mas aqui já não se fala mais em quilometragem e sim em tempo de caminhada versus altimetria ganha. Ou seja, quanto maior o tempo de caminhada e quanto mais altimetria você vai alcançar, mais difícil é o percurso.

Chegamos em Gorakshep para o almoço já bem cansados. Este é o antigo acampamento base e o vilarejo mais remotos da trilha com dois lodges controlados por uma única família.

Segundo os próprios sherpas, “Gorakshep é um inferninho na terra”. Zero conforto. Para se ter uma ideia das condições locais, que envolviam sujeira, banheiro vomitado e tudo mais, eu preferi dormir na barraca enfrentando o frio de -15 graus lá fora. Pelo menos, já fui pegando a vibe de como seria dormir no base Camp. Sabe quando você se coloca em uma situação e depois se pergunta: “Por que fiz isso comigo?”. Foi neste momento que me questionei.

Kala Phatar

Neste dia também há a opção de subir até Kala Pathar, a 5.600 metros, o ponto mais alto da viagem e onde você consegue ver o Everest e toda a cordilheira.

É importante lembrar: do acampamento base não é possível enxergar o Everest! Por isso, a subida no Khala Patar é a chance de avistar o cume da mais alta montanha do mundo de pertinho. É lindo, mas muito difícil. O cansaço, o frio, o desconforto, mal de altitude… tudo pode bater neste momento.

Decidi não ir até Kala Pathar e preferi garantir meu bem-estar para a chegada ao Base Camp no dia seguinte. Do nosso grupo de 12 pessoas, apenas 2 foram às 4 da manhã e só um deles conseguiu chegar até a metade. Bem desafiador! Nesse momento, desejei ter me preparado mais fisicamente ara conseguir alcançar esse desafio.

Dia 11 – Caminhada para acampamento base do Everest 5.360m

Dia de chegar ao nosso destino principal: o Everest Base Camp. Depois de tudo o que passamos, pensamos que o percurso de hoje seria fácil. São apenas 3 km, mas parecem 20 km. Porém, aqui você vai se animando ao ver o local cada vez mais de perto.

A preocupação com a volta também está presente, pois depois de chegar ao EBC, fazemos a volta em apenas 4 dias, com caminhadas de 15 a 20 km por dia.

Mas antes, a tão esperada chegada ao objetivo principal do trekking ao campo base do Everest. O momento foi de alívio e felicidade. Todo o nosso grupo chegou, o que não é tão comum. Paramos para comemorar, tirar fotos na famosa pedra com o nome do local, tomar um cházinho e descansar.

Como é a experiência de dormir uma noite no campo base do Everest

Dica: No geral, quem faz esse trekking chega até o Base Camp e já precisa voltar para os desconfortáveis lodges de Gorakshep. Mas com a Grade 6 é possível dormir no acampamento base, caso você vá em abril. Isso porque ela é a única agência brasileira que leva montanhistas até o cume. Então, a estrutura fica montada para eles.

A experiência de dormir no maior acampamento base do planeta é incrível. Passeamos pelo local, pisamos na geleira, conversamos com os sherpas e tivemos um café da manhã delicioso. Com certeza, o ponto alto da viagem e a lembrança do motivo de ter vindo até aqui. 

Dia 12 – Volta caminhada para Periche ou voo panorâmico de helicóptero para Periche/Namche Bazar

No dia 12, as opções são voltar andando ou de helicóptero. A primeira é uma caminhada de 20 km até Periche (perto de Dimboche), deixando 5.300m para chegar aos 4.500m. Ao todo, são umas 7 horas de caminhada. A vantagem é que aqui não há preocupação com a altitude, a oxigenação é tanta que dá pra voltar correndo!

No entanto, optamos por descer de helicóptero, fazendo um voo panorâmico para ver o EBC de cima e ter uma vista mais completa do Everest. Aqui você pode voltar até Periche e cortar apenas um dia de caminhada ou ir para Namche Bazar e cortar dois dias de caminhada.

O grupo decidiu ir direto para Namche, que tem uma vibe maravilhosa, cheia de pubs, atrativos legais e outras coisas que se tornaram luxo para nós naquele momento, como um bom banho quente.

O voo de helicóptero não é barato, custa USD 600 até Periche e USD 750 até Namche. 

O caminho de volta pode ser feito de helicóptero ou a pé. A caminhada de 20 km até Periche (perto de Dingboche), deixa os 5.364m para chegar aos 4.500m.

Dia 13 – Periche/Namche Bazar

Para quem faz o dia 13 caminhando, o percurso é de Periche até Namche Bazar. São umas 6 horas de caminhada, saindo de 4.500 m e chegando em 3.400 m. No entanto, o percurso é bem mais fácil pela aclimatação e a oxigenação que vai aumentando novamente.

Os grupos se encontram, então, em Namche Bazar. Fizemos a festa nos pubs locais para comemorar a chegada. 

Com nossos guias sherpas queridíssimos que nos acompanharam, cuidaram e ensinaram tanto ao longo da expedição.
Com nossos guias sherpas queridíssimos que nos acompanharam, cuidaram e ensinaram tanto ao longo da expedição.

Dia 14 – Caminhada de Namche Bazar para Ghat

Meu trecho predileto de toda a caminhada. São cerca de 7 horas entre caminhadas e paradas para chá e almoço ao longo de 15 km. Mas já aclimatados e em menor altitude, além do descanso dos últimos dias, tudo fica mais fácil. A vegetação é linda, o frio diminui e a infraestrutura é ótima. 

Se enfrentar todo o percurso para ir até o Base Camp não faz seu estilo, a dica é ir até Namche Bazar em um trekking de 4 dias. O caminho é lindo, você passa pelas pontes suspensas, beira o rio de leite, curte os cinematográficos vilarejos de pedras…  uma das trilhas mais lindas que já fiz!

No “checkpoint” de Namche Bazar, também pegamos as sacolinhas de lixo do projeto Sagarmatha Next, mencionado anteriormente, que são levados até Lukla. Acoplei 2 kg na minha mochila e desci com eles.

No “checkpoint” de Namche Bazar, também pegamos as sacolinhas de lixo do projeto Sagharmata Next, mencionado anteriormente, que são levados até Lukla. Acoplei 2 kg na minha mochila e desci com eles.
No “checkpoint” de Namche Bazar, também pegamos as sacolinhas de lixo do projeto Sagarmatha Next, mencionado anteriormente, que são levados até Lukla. Acoplei 2 kg na mochila e desci com eles.

Dia 15 – Caminhada de Ghat – Lukla

Aqui a distância é curta. São apenas 4 horas de caminhada entre Ghat e Lukla, porém, com uma subida íngreme que não é simples. Mas aqui já o último dia, o que deixa o percurso mais fácil.

O último dia é uma delícia! Cruzamos com quem está iniciando o trekking Everest e damos as boas sortes. Recebemos os parabéns deles também! A sensação de missão cumprida começa a ficar mais forte e a nostalgia ao relembrar tudo o que vivemos começa a bater. 

Chegando em Lukla, há uma confraternização e um jantar com os carregadores. É o fim do trekking ao Acampamento Base do Everest. Hora de começar a volta para casa. Mas a certeza é que as memórias continuarão para sempre com cada um. 

Entrega do lixo em Lukla.
Entrega dos resíduos para serem destinados ao tratamento correto em Lukla.
Trekking Acampamento Base Everest

Dia 16 – Lukla/ Katmandu

Dia de voo de Lukla para Katmandu. No entanto, essa volta depende das condições climáticas em Lukla. Se o tempo não estiver bom lá, nem helicóptero sai..

A dica, então, é deixar alguns dias livre em Katmandu, antes do seu voo de volta para o Brasil. Assim, se algo acontecer, você não corre o risco de perder a viagem.

O voo de Lukla para Katmandu dura 50 minutos. Chegando a Katmandu, visitamos um orfanato com crianças vítimas do terremoto que assolou o Nepal em 2015 que a Grade 6 ajuda. Uma iniciativa incrível da agência, na qual os próprios clientes são padrinhos do projeto. Atitudes como essa são importantes para um turismo e desenvolvimento sustentável e humanizado da região.

Dia 17 – Volta do Brasil

É hora de voltar para casa com todas as experiências maravilhosas e desafiadoras na bagagem. Não se volta o mesmo de uma aventura assim e, apesar das dificuldades, vale muito a pena sair da zona de conforto e se experimentar em condições extremas. Só vivendo para sentir todas as emoções dessa jornada.

Para quem indico

Para quem já tem experiência em trilhas e trekkings, para as pessoas apaixonadas por natureza que buscam esse contato e para aqueles interessados pela cultura budista. Não é uma viagem para quem está procurando luxo. É um destino para quem quer se aventurar e se desafiar, abdicando do conforto em muitos momentos.

As dificuldades e desafios do trekking no Everest podem ser grandes, mas a sensação de completá-lo é única e memorável.

Perguntas frequentes

Idioma

O idioma é algo importante a ser considerado. No Nepal se fala nepali, poucos falam inglês. Muitas pessoas decidem fazer o EBC com operadoras locais por ser mais barato. No entanto, o idioma pode se tornar uma barreira, especialmente nos momentos de perrengue.

Minha dica então é: Vá com um guia brasileiro que vai poder te auxiliar em todas as questões que surgirem durante o percurso.

Visto para o Nepal

É realizado na chegada ao país, com duração de 15 a 30 dias e um valor de, mais ou menos 40 dólares. Tem também a opção de pedir online, caso queira evitar fila.

Moeda local – quanto $ levar na trilha

A moeda local é a rúpia nepalesa. Considerando que a maior parte da viagem já está paga, o dinheiro da trilha é para coisas como caixinha dos carregadores, rolo de papel higiênico, água (que não é nada barata, custa cerca de R$ 10 a garrafa de 1L). Por isso, o ideal é levar pelo menso 400 dólares na trilha. Você pode levar euro ou dólar e trocar pela moeda local.

Como são as hospedagens na trilha

Até Namche Bazar, tem ótimas opções. Muitos lodges charmosos e ainda com o “luxo” de banheiro dentro do quarto. Depois, quanto mais se sobe, mais precária a infraestrutura. 

Os quartos são duplos, simples e sem aquecimento. Ao mesmo tempo, vai ficando cada vez mais frio. A saída é descansar nos próprios sacos de dormir. O único lugar com calefação nessas hospedagens são os espaços em comum. 

Lodge em Tengboche. Ao longo do
Trekking Acampamento Base Everest, os quartos são duplos e simples.
Os espaços comuns dos lodges são a área de descanso com calefação para os trekkers.

Alimentação

A alimentação, no geral, é muito boa. O café da manhã tem opções como ovo mexido, panqueca, pão com queijo, café, chá de menta, entre outros. Já no almoço, as opções comuns são o arroz frito, prato típico da Ásia, macarrão com vegetais, sopas e, em alguns lugares, um frango bem feito. Há também os pratos nepalis, baseados em lentilhas. 

O jantar segue a linha do almoço. Alguns lugares servem hambúrguer e pizza. Assim como em relação à hospedagem, até Namche Bazar as opções são variadas e há restaurantes ótimos. Depois, vai ficando mais limitado. 

Importante lembrar que a cultura nepali é basicamente vegetariana. Eles não comem carne vermelha e a proteína costuma ser o ovo. E é preciso ter cuidado com proteínas como o frango, pois são levadas pelos carregadores até os locais mais altos, o que pode colocar em risco a qualidade da comida.

Alimentação no Trekking Acampamento Base Everest

Banho e banheiro

Até Namche Bazar, há a chance de um banheiro com chuveiro no quarto. Nos outros dias, é compartilhado e todo mundo do lodge que usa o mesmo local. Também é preciso pagar cerca de 10 dólares pelo banho. 

A dica é levar lenços umedecidos e papel higiênico para usar durante a trilha, já que a maioria dos banheiros não tem. E, claro, leve um saquinho para colocar os papéis usados e carregue com você durante a trilha.

Internet/eletricidade/chip de celular

A partir de Namche, também se paga cerca de 10 dólares pelo carregamento de celular. Eu levei dois Power Banks cheios. Porém, quanto mais frio fica, mais difícil de carregar e manter a carga no aparelho. Deixe eles sempre em algum lugar quente para preservar a bateria.

Dica: Escolhi o chip da America Chip que funcionou super bem até Namche Bazar. 

Depois, independente do chip escolhido, o sinal vai oscilando até Tengboche, o último vilarejo com cobertura. A partir daí, é preciso comprar sinal de wi fi, pagando cerca de 10 dólares. 

No acampamento base, um chip de apenas 1 giga custa 250 reais. Ou seja, melhor deixar o celular de lado nesse dia.

Wi-fi no Trekking Acampamento Base Everest
Wi-fi nos vilarejos mais altos do Trekking Acampamento Base Everest

Mochilas

As bolsas mais pesadas são levadas pelos carregadores e podem pesar no máximo 15 kg, pois eles carregam tudo nas costas.

 Já os trekker carregam apenas a mochila de ataque com os itens necessários para aquele dia de trilha, como jaqueta, luva, gorro, de três a quatro litros de água, lanche, passaporte e etc.

Equipamentos essenciais para o Trekking Acampamento Base Everest. Mochila da Columbia Sportswear (10% OFF no link).

Seguro viagem/resgate

O seguro viagem não está incluso no pacote da Grade 6 e é preciso contratar a parte (você pode comparar os planos na SegurosPromo).

Além do seguro viagem comum, há também o seguro resgate. Para essa opção, a operadora indicada é a Global Rescue, que dá a opção de pagamento no cartão de crédito. O valor gira em torno de 500 dólares e inclui o resgate de helicóptero. Não é barato e esperamos não precisar usar, mas é necessário para uma viagem tranquila.

Carregadores / Sherpas

Não é nada confortável ver os carregadores nas trilhas com quilos e mais quilos de carga nas costas. Porém, não há muitas opções no trekking Everest. Isso porque o Nepal tem um sistema de castas. No caso da região do Everest, há duas etnias que trabalham, majoritariamente, para as expedições: Os sherpas, que atuam como guias locais e ganham um salário digno para isso e, dentro da sua sociedade, estão em um bom nível econômico e social.

Já os carregadores são, em sua maioria, da etnia Tamang e Rai. Sua casta está acostumada com altas cargas, estão sempre disponíveis para servir as castas mais altas. Dentro deste sistema, infelizmente os tamang e os rai viverão assim pelo resto da vida, com baixos salários. 

Difícil compreender na nossa cultura, mas Carlos Santalena, dono da Grade 6 explica essa questão de maneira brilhante em um post no Instagram dele. 

Os carregadores ao longo do Trekking Acampamento Base Everest
Os carregadores ao longo do trekking acampamento base do Everest. Responsáveis por levar os mantimentos até os vilarejos mais altos.

Água

Leve um clorin para limpar a água de degelo e também leve sais minerais para enriquecê-la. Isso ajuda a regular o intestino e a hidratar melhor. 

Também há a opção de ir comprando garrafas de água ao longo da trilha. Porém, lembre-se de que é preciso beber cerca de 5L por dia e cada garrafinha custa uns R$ 10,00. Além de ser um lixo a mais para você carregar até a volta.

Lixo na trilha

As trilhas são limpas e o maior responsável por isso é o projeto Sagarmatha Next, patrocinado pela empresa Dell, junto a iniciativas estrangeiras e locais, para controlar os resíduos no Everest. 

Uma das consequências do turismo em massa é a alta produção de lixo. A solução encontrada é que cada trekker, além de carregar seu próprio lixo, volte com 1kg de resíduos até Lukla, a fim de dar o destino correto e manter a trilha limpa. 

Como fazer a mala / o que levar

Vou escrever um texto sobre todos os equipamentos em breve.

Enquanto isso, que tal ver como comprar um protetor solar ecológico?

O que alugar e o que comprar

Não é necessário levar saco de dormir, pois é possível alugar lá. No nosso caso, a Grade 6 emprestou sacos que suportavam até 20 graus negativos. Além de uma jaqueta de plumas que ajudou muito com o frio dos últimos dias.

Trekking Acampamento Base Everest. Foto: Mana Gollo

O que levar de comida

Basicamente, o que você quiser comer fora das refeições principais, que já são cobertas pela Grade 6. Eu levei pasta de amendoim, amendoim, barrinha de cereal e outros lanchinhos para os momentos de caminhada.

Quanto custa ir para o acampamento base do Everest

Com a Grade 6, nossa sugestão, a viagem sai por USD 4000 com tudo incluso e guia brasileiro, exceto as refeições em Katmandu, as passagens aéreas e o seguro resgate. Há também a opção mais barata de ir com um guia local com suporte da Grade6. Nosso grupo teve o privilégio de ser guiado pela Aretha Duarte, primeira mulher negra latino-americana a subir o cume do Everest. Uma líder nata e inspiradora, que foi peça-chave para garantir o sucesso da expedição. Aretha é uma mulher de ouro. 

Outra vantagem de escolher a Grade 06 é poder ir pagando nos anos anteriores à viagem. Fechei a expedição dois anos antes, o que me ajudou bastante a ter um objetivo e me preparar para ele. Financeiramente, esses dois anos também me deram fôlego para ir pagando gradualmente a viagem. 

E você? Sonha em fazer o trekking ao acampamento base do Everest? Ficou com alguma dúvida? Deixe aqui nos comentários!

Trekking Acampamento Base Everest – Vale a Pena? Como é?

Crédito das fotos (são de uso autoral e sem permissão para uso em outros veículos):

  • Mana Gollo
  • Guilherme Tetamanti (Kathmandu)
  • Virginia Falanghe
Virginia Falanghe

Jornalista de viagens e especialista em marketing digital de turismo, Virginia transformou sua paixão por viagens e aventuras em profissão. Já conheceu os cinco continentes com algumas paradas longas na Austrália, EUA, Portugal, Canadá, além de três meses a bordo de um catamarã pelas ilhas do Caribe. Além de escrever sobre destinos de natureza aqui no Viva o Mundo, é colunista de viagens na JovemPan, editora-chefe do site Dicas de Viagem e head da agência digital Pura. 

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